Como a Realidade Aumentada cria emprego

Uma das principais dificuldades na criação de experiências de Realidade Aumentada está na qualidade desta – qualidade que pode medir-se essencialmente pela adequação do interface a cada mercado ou público vertical, o que apenas se consegue com conhecimento desse mesmo mercado, das possibilidades do interface e das possibilidades da tecnologia. Num dos meus primeiros contactos com Municípios, entrei em contacto com a vila de Alvito, que tinha acabado de restaurar o interior de uma igreja do séc. XIII. Sim, não me enganei nos pauzinhos, XIII – uma igreja da reconquista, que existe há quase 800 anos. Uma visão fantástica.

Contudo, existia um problema – não havia orçamento para manter diariamente um assistente à entrada da igreja, para a manter segura e explicar aos visitantes o seu enquadramento histórico. Esta foi a base do desafio que nos foi apresentado – utilizar a Realidade Aumentada para permitir visitar a igreja com esta fechada.

Surgiram logo diversas ideias – apontar para as placas existentes no local e obter vídeos explicativos em cima da Realidade foi a primeira, mas rapidamente deixou de ser interessante – afinal, tratava-se pouco mais do que uma consulta ao Youtube.

Uma segunda logo apareceu, para ser substituída por uma terceira, quarta… Nenhuma era, de facto fácil, útil para que um visitante chegasse e vivesse uma experiência suficientemente valiosa para ser guardada numa foto ou partilhada numa rede social.

Só quando regressámos ao tema na companhia de alguém responsável pelo Turismo do Município e integrámos um colega de design de experiências na conversa, chegámos à solução final – criar uma experiência de visão Raio X. Apontamos as câmaras dos dispositivos móveis para as paredes da igreja e abracadabra, abre-se um pequeno buraco que mostra um vídeo previamente gravado do interior da igreja a partir daquele.

Ora isso abre uma nova necessidade de competências na sociedade, competências que unem a tecnologia e a User Experience com o conhecimento especifico de segmentos de mercado – Turismo, Imobiliário e tantos outros – necessária para tornar a experiência um sucesso.

Essa competência, a par de tantas outras, vai marcar o aparecimento de novos empregos, com novas funções – o que em si será uma outra revolução. Outras tecnologias provocarão o mesmo e… bom… temos de nos habituar a viver com revoluções.

 

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