Recentemente passaram para a 1ª página de jornais e de televisões, aquilo que habitualmente era notícia de rodapé: o Cibercrime e a Cibersegurança!
O pânico instalou-se nas cúpulas dos decisores empresariais, porque perceberam parte da sua ignorância tecnológica e compreenderam que alguns dos investimentos que tinham recusado aos “informáticos”, poderia ter agora impacto real na sua organização. E… a culpa também é dos informáticos, porque não sabem falar negócio e não conseguem ter a arte persuasiva de explicar o que um determinado software ou hardware poderá ter de valor positivo ou negativo para o negócio.
Isto é, assistindo-se no mundo empresarial ao acelerar da forma exponencial da competitividade, derivado ao crescimento da Transformação Digital dos processos e modelos de negócio (que é mais do que a “simples” transformação informática), deve ser “quase” considerado crime um líder de uma organização não compreender o que é Gerir Sistemas de Informação ou não considerar os Sistemas de Informação como uma atividade estratégica e core da cadeia de valor da organização. Esta última reflexão reflete a evolução da tradicional Cadeia de Valor de Michael Porter, criada no início dos anos 80, uma vez que em vez de apenas termos as Tecnologias de Informação como atividade de suporte à organização, hoje assiste-se à criação dos processos de transformação introduzidos pelos Sistemas de Informação nas atividades estratégicas essenciais ao negócio das organizações. E, para os mais distraídos, importa referir que Tecnologias de Informação são diferentes de Sistemas de Informação.
Voltando ao cibercrime: é cada vez mais inadmissível que um gestor de empresas não tenha uma clarividência da evolução e inovação tecnológica, persistindo no erro tradicional de entender os Sistemas de Informação como um custo para a organização. Quantas empresas ainda hoje têm os Departamentos de Sistemas de Informação dependentes do Administrador Financeiro? E sabendo o papel essencial dos financeiros nas organizações, é tradicional e do seu ADN, que vejam as tecnologias como um custo. Mas se dos financeiros ainda “se pode aceitar”, é inadmissível que CEOs considerem os Sistemas de Informação com um “tenho de os ter”, em vez de “tenho de os potenciar no nosso negócio”.
Mas, como referi, a culpa também é dos informáticos que falam “zeros e uns” ou em siglas tecnológicas para os líderes e responsáveis de negócio nas empresas, os quais apenas compreendem “vendas ou cláusulas legais”! O traduzir bits e bytes em negócio não é fácil para o ADN de um informático. A forma como até aqui foram ensinados, foi com base na preocupação do hardware ou software realizar uma atividade técnica e não uma atividade funcional de valor para os utilizadores.
São duas linguagens diferentes: informático e negócio. É essencial que se eduquem estas duas linguagens e que se criem pontes rapidamente, caso contrário, e tendo presente esta amostra dos recentes ataques cibernéticos, o risco com os ataques irão surgir será o de “no dia seguinte” não existir empresa para gerir.
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