Segundo os dados da IDC, apenas 37% das organizações nacionais têm uma estratégia de transformação digital alinhada com a estratégia de negócio.
Nos últimos dois anos as preocupações com a transformação digital tem vindo a crescer no universo empresarial em todo o mundo, de forma transversal a todas as indústrias. Os líderes das principais organizações mundiais mostram-se cada vez mais preocupados com o impacto que o digital pode ter no seu negócio. Apesar de defenderem a necessidade de transformação digital nas suas organizações, sentem que existem vários impedimentos como a necessidade de reorganização, a existência de várias estratégias a serem implementadas e as decisões de financiamento a curto prazo, que inviabilizam a real transformação digital da empresa.
A falta de envolvimento e compromisso com esta nova realidade, surge tanto junto de CEOs, diretores e investidores, que ainda não estão totalmente convencidos de que a transformação digital é um imperativo. Estes responsáveis olham para a disrupção causada pelo digital em setores como o retalho, media e outros segmentos B2C, mas não acreditam que esta disrupção está também a chegar aos seus sectores. A esta síndrome, chamamos NIMI, do inglês, Not In My Industry, que os leva a crer que esta realidade não irá atingir o seu negócio em específico.
No caso concreto de Portugal, o mesmo também se verifica. Apesar de muitas organizações a nível nacional, já estarem a levar a cabo projetos digitais, estes são habitualmente processos isolados, e não alinhados com a estratégia de negócio e integrados num modelo que abranja toda a organização. O estudo anual de benchmak, elaborado pela IDC sobre o tema transformação digital, ilustra isso mesmo e comprova que, apenas 37% das organizações nacionais têm uma estratégia de transformação digital alinhada com a estratégia de negócio, versus quase 50% para as suas congéneres norte-americanas.
De modo a lembrarmos a estas partes interessadas que a realidade digital é uma necessidade indiscutível em todos os setores, a IDC recentemente publicou o IDC Digital Disruptors MarketGlance (ver abaixo), onde identifica 375 disruptores digitais em 39 sectores distintos.
Nesta lista não foram incluídas empresas tradicionais incumbentes, que estão atualmente a desenvolver também o seu processo de transição para a vertente tecnológica. Os responsáveis devem olhar para estas empresas de concorrência tradicional cuidadosamente, uma vez que devido à sua escala, estas têm uma probabilidade alta de sucesso na sua transformação digital. Em relação aos disruptores digitais da terceira plataforma de TI, o gráfico seria omisso se não incluíssemos empresas como a Amazon, o Facebook ou a Google. Apesar destas empresas não estarem atualmente num processo de transição, é necessário reconhecer o seu papel disruptivo. Assim, em termos gerais, incluímos empresas cuja oferta são serviços de tecnologia, em oposição às que são exclusivamente vendedoras de software que pode ser, posteriormente, utilizado para criar uma oferta disruptiva.
É interessante verificar como muitas vezes, basta apenas um disruptor para que se dê origem ao aparecimento de muitos outros. Podemos, por exemplo, olhar para o setor das lojas de produtos generalizados que, com a disrupção causada com a Amazon, se deu o surgimento de empresas como a Alibaba, JD.com, Big Basket, e muitas outras em todo o mundo. Deste modo, assim que se inicia o caminho para a disrupção não há a possibilidade de retrocesso e, no setor todos passam a competir com os futuros disruptores, que irão aparecer depois do primeiro.
Para estarem na linha da frente desta mudança, é essencial que as organizações incumbentes atuem como Nativas Digitais, ou seja, que integrem o digital de forma transversal no seu negócio. Na perspetiva da IDC, para que isso aconteça, as organizações devem trabalhar cinco áreas fundamentais.
Em primeiro lugar, estabelecer um Modelo Organizacional de transformação digital, seguido da definição do quadro de desempenho nesta área, incluindo os novos KPIs associados. Para definir os diferentes passos nesta transição, torna-se necessário criar um roadmap de use cases de transformação digital a curto, médio e longo prazo que permita definir metas intermédias e ir monitorizando e afinando no decorrer do tempo. Adicionalmente, para assegurar a execução, é essencial o desenvolvimento de talentos com as competências digitais adequadas e, por último, definir e construir uma plataforma digital para a organização assente na 3ª Plataforma e nos Aceleradores de Inovação.
A transformação digital continuará a transformar a economia global, assim como a 3ª Plataforma se tornará um ponto decisivo nesse processo. Para alcançar o sucesso, tanto os fornecedores como compradores de soluções digitais, terão que se ajustar e adaptar a esta nova realidade. Estes serão alguns dos temas que estarão em destaque na 21ª edição do IDC Directions, na qual para além de serem apresentadas as principais tendências previstas pela IDC para os próximos anos, será possível descobrir como é que o tecido empresarial nacional está a preparar a sua transformação digital, e como algumas das principais empresas tecnológicas estão a apoiar os seus clientes nesta jornada.
A conferência IDC Directions 2018 irá fornecer a visão e os insights necessários para ultrapassar com sucesso o cenário de rápida mudança e ajudar as organizações a reduzirem os riscos, a aplicarem inovação, a agilizarem o tempo de lançamento no mercado e a gerarem mais resultados para o negócio.
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