Acompanho a evolução da TI desde 1984, quando ainda tínhamos os enclausurados CPDs e a microinformática dava os primeiros passos no Brasil.
Podemos dizer que, de lá para cá, pouca coisa mudou na “filosofia” do uso da TI aplicada aos negócios. A Lei de Moore cuidou para que houvesse uma grande evolução no poder de processamento. A computação saiu da redoma ou pedestal e chegou às mãos do usuário; uma vastidão de ferramentas e sensores foi criada e quase tudo ao nosso redor passou a depender de algum nível de computação para funcionar; as linguagens de programação e a interação homem-máquina alcançaram um patamar de possibilidades que só existia na ficção.
Porém, em termos práticos, temos visto empresas e pessoas precisando investir cada vez mais em infraestrutura de equipamentos e softwares para ter acesso a todo esse potencial de processamento de dados e geração de informação útil para suas vidas. A relação de dependência entre o produtor e o consumidor não se alterou muito apesar dos grandes avanços.
Apenas na última década, começamos a ver um descolamento maior entre recursos e consumo. O poder da computação em nuvem, proporcionado pela expansão da virtualização, começa a permitir ao usuário liberar-se do investimento inicial, geralmente oneroso e arriscado, para focar na contratação dos serviços de TI que agreguem valor direto para os seus negócios. Nada de ter que primeiro preparar a infraestrutura, adquirir softwares caros e complexos e contratar equipe de manutenção para, num futuro incerto, começar a colher os seus benefícios.
Assim, estamos entrando na era do Vendor Management. Ou seja, gerenciar fornecedores e contratos de resultados ao invés de gerenciar infraestrutura, sistemas e desenvolvimento. Atuar muito mais no planejamento estratégico de TI aliado aos negócios, gerir relações de valor com fornecedores de soluções e criar o futuro desejado, do que preocupar-se em manter um status quo.
Tenho conversado com muitos CIOs e vejo como todos tem sido desafiados, diariamente, pelas suas empresas para exercerem uma TI cada vez mais estratégica, ao mesmo tempo em que precisam justificar os grandes investimentos já realizados.
Evidentemente, que essa migração para vendor management será gradual e não se aplicará a todas as empresas ao mesmo tempo. Porém, é algo que precisa estar na agenda do CIO, uma vez que o perfil de consumo de TI está mudando e a pressão por resultados sem investimento up front em infraestrutura e pessoas estará cada vez mais presente na pauta dos demais CxO.
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