Conseguirão as organizações portuguesas recuperar o atraso causado pela crise económica dos últimos 5 anos e dar o salto para a 3.ª plataforma?
Os últimos 5 anos foram marcados por uma rápida transformação tecnológica que mudou radicalmente, e está a mudar, a forma como as organizações de todos os sectores desenvolvem os seus negócios. Esta transformação, designada pela IDC como a transição para a 3ª Plataforma Tecnológica, está assente em 4 pilares fundamentais: (1) Mobilidade – há mais de 5 anos que os dispositivos móveis destronaram os PC’s e dominam as vendas e o acesso on-line, (2) Cloud – as soluções de infra-estrutura, desenvolvimento, aplicações e negócio na nuvem crescem anualmente a dois dígitos há mais de 5 anos, (3) Tecnologias Sociais – em pouco mais de cinco anos as redes sociais ultrapassaram os dois mil milhões de utilizadores e estão a mudar a forma como as organizações colaboram, e (4) Big Data – como consequência da maior utilização destas tecnologias nos últimos 5 anos, o universo digital continua a duplicar a cada dois anos)
Esta rápida transição para a 3.ª plataforma tecnológica, possibilitou o desenvolvimento de novas empresas, empresas da 3.ª plataforma como a Uber, Airbnb, FaceBook, Netflix (apenas para citar algumas), que em poucos anos contestaram e conquistaram a liderança em setores tradicionais como a hotelaria, transportes, media e telecomunicações. Ao mesmo tempo que assistimos a criação e ao crescimento destas novas empresas, verificamos também que empresas tradicionalmente líderes nos seus sectores (como a Walmart, Nike, Disney, BMW, Mercedes, etc.) têm vindo a canalizar grande parte da sua inovação em soluções com base em tecnologias da 3ª plataforma, de forma a manter a liderança numa economia cada vez mais digital.
A 3.ª plataforma, os aceleradores de inovação e a transformação digital
Fonte: IDC, 2014
De facto, a IDC prevê que em 2020, a nível mundial, todos os sectores económicos, desde a indústria, passando pelo retalho, banca, seguros, energia, turismo, e até a saúde, serão liderados por empresas com uma forte presença na economia digital. Esta presença na economia digital significa: (1) ser capaz de criar uma melhor experiência para os seus clientes e parceiros, (2) aumentar a eficiência operacional e (3) inovar os modelos de negócio.
Em Portugal, e apesar do programa de ajustamento financeiro, assinado com o FMI, BCE e UE em 2011, ter terminado e actualmente as principais instituições económicas preverem um novo ciclo de crescimento económico, infelizmente verificamos que as organizações portuguesas nos últimos 5 anos atrasaram-se na modernização tecnológica e na capacidade de inovação com base nas tecnologias de 3.ª plataforma.
E quando olhamos para o período de 2015 a 2020, prevemos o início da fase ainda mais crítica da 3ª Plataforma, caracterizada por uma explosão de soluções inovadoras e por uma grande criação de valor no topo dos 4 pilares que formam este novo paradigma tecnológico. Esta fase é caracterizada por “aceleradores de inovação” que estendem radicalmente as capacidades e aplicações da 3ª plataforma, como é o caso da Internet das Coisas (IoT), Wearable Computing, Drones, Robótica, Impressão 3D, Sistemas Cognitivos, Biologia Sintética, Interfaces Naturais de Computação, etc.
Para que seja possível aproveitar as oportunidades de transformação e criar um ambiente de inovação sustentável, é necessário que as organizações a nível nacional procedam à transformação das atividades e processos do departamento de TI. Com efeito, enquanto as tecnologias relacionadas com a 2ª plataforma de TI – computadores pessoais, servidores, redes – permitirem a automatização dos processos de negócio e a simplificação das operações das organizações, a proposta de valor das tecnologias subjacentes à nova plataforma de inovação – mobilidade, cloud, tecnologias sociais e Big Data – vão possibilitar não só tornar as organizações ainda mais eficientes, mas sobretudo criarem novos produtos e serviços, assim como a criarem novas experiências para os consumidores e parceiros.
Oportunidade de transformação das TI em Portugal
Fonte: IDC, 2014
Esta transformação requer que as organizações procedam à alteração do modelo tradicional do departamento de TI. Se no modelo tradicional o departamento de TI era responsável por mais de 80% do orçamento disponível para investimento nestas tecnologias, na 3ª plataforma o departamento de TI terá que definir mais de 80% do orçamento em conjunto com as áreas de negócio.. Por outro lado, o processo de transformação do departamento de TI deverá ainda contemplar a arquitetura tecnológica que para além do mapeamento dos processos de negócio, permita suportar as decisões de negócio.
A transformação das TI no interior das organizações deverá ainda contemplar a transformação dos talentos. Para além de tornar as aplicações mais “consumer like”, o recursos do departamento de TI devem passar a ocupar grande parte do tempo dedicados a arquitetura empresarial e a governação dos sistemas de TI, e não a desenvolver sistemas ou gerir tecnicamente as operações.
Conseguirão os CIOs portugueses e as suas organizações, transformarem-se e tirarem partido dos aceleradores de inovação nos próximos 5 anos?
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