A Telemedicina no Brasil

Há muito tempo gostaria de trazer um tema que envolvesse tecnologia e a medicina. Para enriquecer mais ainda o conteúdo apresentado e o debate sobre o tema, optei por trazer um texto de alguém da área. David Sadigursky é um renomado cirurgião ortopedista, e escreveu este texto especialmente para nós. Bom proveito!

 

A Telemedicina no Brasil

Com a advento dos meios tecnológicos na área da medicina, a capacidade de adquirir conhecimento e trocar informações passou a diminuir a fronteira entre países. Atualmente um médico no Brasil pode solicitar opiniões a especialistas em uma determinada área, em tempo real. Diante de qualquer dificuldade durante um procedimento cirúrgico que requer uma opinião de um cirurgião, com maior experiência, já é possível com os recursos da Telemedicina.

A distância entre médicos com diferentes experiências, com oportunidades e recursos distintos, é um fator crítico. O treinamento e apoio aos profissionais de tecnologia da informação e de comunicação é importante em nosso meio para o capacitação do intercâmbio de informações essenciais para a promoção, proteção, redução do risco de doenças ou agravos e a recuperação de doenças. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a Telemedicina possibilita um educação continuada não apenas entre os profissionais da medicina, como é capaz de orientar pacientes quanto aos cuidados básicos de determinadas enfermidades. A tecnologia na medicina é capaz também de facilitar as pesquisas científicas, avaliações e gestão de unidades de saúde.

Pacientes de regiões mais carentes de recursos e profissionais especializados  para o tratamento de doenças mais complexas, não precisam se locomover para que obtenham um tratamento mais adequado. Antes destes recursos, o médico precisava se locomover para países da Europa e América do Norte para adquirir a capacitação para realizar  procedimentos cirúrgicos novos ou até mesmo mais complexos. Com os recursos tecnológicos mais apurados de teleconferência e cirurgia robotizada, as barreiras puderam ser extintas, permitindo que todo profissional tenha acesso a treinamento constante e com o mesmo nível de informação em qualquer lugar do mundo. Da mesma forma, o paciente que constantemente era encaminhado para estados mais desenvolvidos, como São Paulo, ou outros países, já são capazes de ter o seu tratamento realizado com o auxílio da Telemedicina, evitando os gastos com a locomoção, que oneram bastante o país.

No intuito de diminuir custos e acelerar o tratamento com a qualidade adequada, instituições de saúde podem buscar instituições de referência, como das grandes universidades do país, para consultar ou trocar informações.

Já em 2004, Wakefield já demonstrava que a Telemedicina pode ser aplicada para a obtenção de uma segunda opinião médica, evitando que o paciente perca tempo e aumente seus gastos com saúde, migrando entre vários profissionais. Sem sair de casa, já possível realizar consultas on-line para emissão de opiniões sobre determinadas doenças, estando todos os dados do paciente assim como seus exames, digitalizados e disponíveis para acesso em qualquer lugar que tenha um computador. Os médicos do mundo inteiro já podem interagir entre si, debatendo casos cínicos mais complexos e de difícil resolução.

Entre os recursos tecnológicos mais recentes no brasil, a cirurgia robotizada já se tornou uma realidade, tanto na área da cardiologia como da ortopedia. Cirurgias de substituição articular de joelho, por exemplo, já são possíveis de serem executadas com maior precisão, com o auxílio da robótica, podendo ser realizada até mesmo a distância. Esta tecnologia já encontra-se disponível em centros de médio e grande porte do país.

Em São Paulo a telemedicina é utilizada no Hospital Albert Einstein desde 1998, sendo a primeira cirurgia realizada em 1999 com a transmissão de dados para os Estados Unidos. Com o apoio do  Ministério da Saúde, 14 hospitais públicos brasileiros possuem conexão com o hospital. Na cidade de Salvador, já esta sendo implantado este modelo de interação na área de saúde, iniciando em hospitais públicos como o Hospital Santo Antônio da Obras Sociais Irmã Dulce, que recebeu investimento direto para implantação desta tecnológica no intuito de favorecer os pacientes com doenças mais complexas, assim como os profissionais da unidade que poderão aperfeiçoar os seus conhecimentos com a promoção de eventos de educação continuada, com outras unidades do país e do mundo, debatendo as patologias da unidade. Este casos clínicos poderão ser tratados através da interação com vários profissionais especialistas de diferentes instituições, ao mesmo tempo.

A área da tecnologia da informação na saúde não parece ter limites e este fato vem a favorecer a população de todas as áreas dos diversos países do mundo, aumentando o alcance dos tratamentos de doenças com a mesma qualidade e conhecimento fornecidos nos países de primeiro mundo. Até mesmo quando os pacientes se encontram em locais de acesso limitado como plataformas de petróleo ou zonas atingidas por desastres ecológicos. Primeiramente esta tecnologia foi desenvolvida para cuidar da saúde dos astronautas no espaço, atualmente encontra-se disponível ao redor do mundo, sendo cada mais aprimorada para utilização nas unidades de atendimento à população do país.

 

Por David Sadigursky MD.

 

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