Como a blockchain vai revolucionar as transações financeiras

De tempos em tempos, novas tecnologias surgem para mudar completamente o curso da história. Do carro ao iPhone, não faltam exemplos de ideias disruptivas que transformam a ficção científica em realidade. O que vemos hoje, com a blockchain, é algo similar e que tem o potencial para revolucionar a forma como lidamos com os processos. Nascido a partir de uma publicação de um anônimo autointitulado Satoshi Nakamoto, como base para a construção da moeda criptográfica bitcoin, essa tecnologia veio para mudar completamente a nossa percepção de computação.

A blockchain é uma lista distribuída de quaisquer informações, onde a veracidade e a autenticidade das informações são validadas por meio da aceitação das alterações por parte de todos os membros da rede. Pode até parecer um conceito simples, mas as implicações, acredite, são infinitas para as mais diversas tecnologias. Imagine um livro público, em que todas as suas cópias são atualizadas instantaneamente, não importa onde estejam. De forma prática, é a substituição completa de todos os modelos de unidades centralizadoras de autenticação de dados. Portanto, nem os cartórios seriam necessários se a legislação passar a adotar um formato de blockchain para reconhecer oficialmente os documentos.

E essa mudança radical não vai demorar a impactar a vida das pessoas. No evento do Founder Institute, que aconteceu em junho deste ano no Vale do Silício, uma comitiva do Canadá – país que criou a tecnologia – já falava sobre isso. Chamada Etherium, ela foi desenvolvida por uma fundação com o objetivo de difundir a tecnologia para o usuário final. É uma mistura de crypto moeda com linguagem de desenvolvimento.

Por isso, vá se desacostumando com a forma como lidamos com as transações financeiras tradicionais. Com a blockchain, o dinheiro pode passar a ter um código que será executado a partir de parâmetros contidos nele mesmo. Isso é disruptivo porque torna possível executar o que se tem chamado de Smart Contracts, pedaços de código que podem agir de forma completamente autônoma, sem a possibilidade de intervenção humana fora do que foi programado previamente.

Apesar de alguns problemas e divergências com o modelo, esse tipo de contrato deve se tornar o padrão de acordos comerciais, dos mais simples aos mais complexos. É provável que no futuro até mesmo os advogados sejam substituídos por programadores. Se por um lado algumas profissões podem esperar para ver o impacto disso a longo prazo, as empresas de tecnologia precisam começar a discutir o tema o quanto antes.

Aqui no ASAAS, estamos estudando seriamente a tecnologia da Etherium para migrarmos nossas operações financeiras para a blockchain. Como ela garante confiabilidade e a possibilidade de validação descentralizada, poderá ser o caminho para tornar nosso produto cada vez mais robusto e confiável, ainda que o usuário final não entre em contato com a nossa tecnologia, que está no background.

Além da ASAAS, alguns núcleos já estudam a blockchain e suas ramificações no Brasil. Um deles é o Jupter, de Curitiba, onde concentram-se empresas aceleradas que querem operar baseadas nessa tecnologia. Além dos centros, grandes bancos como Santander e Bradesco já estão de olho na tendência para aumentar a segurança das suas operações e diminuir custos.

Com certeza, veremos grandes mudanças na web nos próximos anos, com o uso de smart contracts e modelos descentralizados de persistência de informação. Como na blockchain é impossível remover informação, parece mesmo que a Internet, por si só, irá resolver o problema da censura desenfreada do estado e sua mão pesada. Está mais do que na hora de nos prepararmos para uma verdadeira revolução nos processos e transações financeiras.

[tmm name=”piero-contezini”]

Leia mais artigos deste autor.