Mesmo empresas tradicionais, com quase 100 anos no mercado, têm procurado modernizar e simplificar processos para não ficar para trás.
Como muitos outros setores que passaram por revoluções possibilitadas pela tecnologia, o mercado imobiliário se reinventou nos últimos anos, com o surgimento das imobiliárias digitais – que nasceram para tornar mais rápidos e ágeis processos antes conhecidos como lentos e desgastantes. Mesmo imobiliárias que não nasceram digitais precisaram se transformar para acompanhar as tendências do segmento; afinal, não há mais como permanecer relevante no mercado de forma “analógica”.
É claro que, hoje, “ser digital” não corresponde simplesmente a ter um site ou redes sociais ativas. As imobiliárias digitais são aquelas que permitem que o cliente faça online da escolha do imóvel à assinatura dos documentos, passando pelo acompanhamento das vistorias e pela contratação de seguros. Se há poucos anos quem estava interessado em alugar um imóvel precisava se preparar para muitos deslocamentos e tempo investido, hoje o cliente consegue, muitas vezes, fazer todo o processo sem nem mesmo sair de casa.
“O mundo já vinha numa constante transformação digital em todas as suas camadas e setores, e essa transformação ganhou uma aceleração absurda com os impactos da pandemia de covid-19”, comenta Daniel Calmon, gerente de novos negócios do GrupoRV, empresa especializada em soluções imobiliárias. “A concorrência está cada vez mais acirrada, provocando uma real necessidade de se adaptar”, ele prossegue. “Ter processos digitalizados, com base em tecnologia, se reflete em redução de custos; mas também, e principalmente, em mais agilidade, segurança, transparência, e uma melhor experiência para o cliente. Tudo isso virou uma obrigação para ser competitivo no mercado.”
A Lello Imóveis, de São Paulo (SP), que tem hoje cerca de 8,5 mil imóveis locados, é um exemplo de imobiliária que percebeu a necessidade de investir no processo de digitalização. “Ainda não digitalizamos tudo, mas estamos caminhando a passos largos”, conta Gisele Oliveira Costa, coordenadora de rescisão de contratos da empresa. “A maioria das locações já é feita com assinatura eletrônica, por exemplo; o que foi um ganho imenso na liberação dos contratos.” A companhia também já trabalha com vistorias feitas por profissionais especialmente treinados: “Antes perdíamos muito tempo fazendo a comparação nas vistorias de entrada e saída. O mercado também foi exigindo, com o tempo, que entregássemos um relatório mais completo.”
Lessiê de Souza Duarte, da URBS Imobiliária, de Goiânia (GO), especializada em imóveis de médio e alto padrão, afirma que a digitalização fez a empresa ganhar em efetividade: “Otimizamos cerca de 90% dos processos, e com isso ganhamos mais tempo – o que é importante para todo mundo; para nós e para o cliente”, ela afirma. “O cliente consegue resolver logo o que precisa, como assinaturas ou finalização do contrato. O descontentamento, o número de reclamações, caiu consideravelmente.”
Digitalizar sem desumanizar
A Imóveis Crédito Real, de Porto Alegre (RS), é uma empresa bastante tradicional: uma das maiores imobiliárias do país, a companhia tem 90 anos de história, com presença em 13 estados brasileiros. Luciano Oliveira da Silva, gerente de operações da empresa, conta como a imobiliária decidiu combinar tradição e modernização em função das exigências do mercado: “Temos uma cultura que muitas vezes é complexa mudar, mas estamos investindo em uma melhor experiência para os nossos clientes”, afirma. “Não em transformar a empresa em uma plataforma digital; mas em trazer tecnologia para que os clientes tenham mais conforto e melhorem sua experiência conosco.”
“Fazíamos o serviço de vistorias de forma tradicional, então, no começo, ficamos com um pouco de medo por conta da novidade, de trazer esse recurso digital para dentro da imobiliária”, exemplifica Luciano. “Mas aos poucos fomos implantando nossos processos, e hoje estamos muito felizes com o retorno. No modelo tradicional, nosso custo operacional era oneroso, e o processo, lento. Tínhamos muita dificuldade em criar uma logística adequada para atender uma vistoria, que levava três ou quatro dias para ser feita. Hoje o laudo de vistoria traz uma robustez importante no processo de desocupação do imóvel e dá muita segurança para os proprietários.”
Daniel Calmon, do GrupoRV, afirma que o impacto para as imobiliárias que não iniciarem um processo de digitalização será gigante – e negativo. “Acredito que o discurso de defesa de quem ainda não entrou nesse processo seja de que a humanização tem o seu valor. Claro que tem, e deve prosseguir. Mas estar digitalizado não significa encerrar as operações no físico, e sim ter mais qualidade em tudo que precisa ser feito em todos os processos. Não iniciar a digitalização é caminhar para fechar as portas.”
Serviços imobiliários na versão virtual
Para não ficar para trás, imobiliárias que ainda atuam apenas de maneira tradicional precisam incorporar a digitalização em todas as etapas do processo de aluguel:
- Busca pelo imóvel – O cliente quer encontrar seu imóvel online, sem perder tempo com visitas infrutíferas. Para isso, é necessário que os sites das imobiliárias disponibilizem fotos profissionais de casas, apartamentos e salas comerciais, garantindo mais assertividade e permitindo que o interessado observe o imóvel em detalhes. Outras opções interessantes são fazer um tour virtual, “andando” por dentro do imóvel por meio de captação e disponibilização de imagens 3D; ou realizar visitas virtuais à distância, com a assistência de corretores da imobiliária.
- Documentação – O recurso de esteira digital automatiza ao máximo os processos burocráticos, que inclusive podem ser customizados. O processo de aluguel pode ser agilizado também por meio do serviço de assinatura eletrônica, que permite assinar documentos digitalmente, sem perda de validade: o contrato digital tem valor jurídico no Brasil desde 2002, eliminando as idas ao cartório para reconhecimento de firma.
- Vistorias – Vistorias imobiliárias profissionais e imparciais são peças fundamentais para garantir segurança no fechamento dos contratos. Combinando tecnologia e profissionais especialmente treinados, as imobiliárias podem gerar relatórios que são em seguida disponibilizados também para o inquilino. “Mesmo totalmente digitalizada, a vistoria ainda pode e deve ser feita por um profissional em campo”, ressalta Daniel Calmon, do GrupoRV, especialista em vistorias profissionais. “Ser digitalizada, ou seja, realizada com o auxílio de uma tecnologia, representa uma série de diferenciais para as partes envolvidas; a começar pela organização dos dados e registros em padronização única. Isso significa ter assertividade no serviço e na qualidade das informações. Há também as questões da transparência do fluxo, da validade jurídica, e da facilitação da gestão do serviço.”
– Contratação de seguros – O seguro incêndio é obrigatório na locação de um imóvel. Além dele, hoje em dia é muito popular o seguro fiança, modalidade que substitui o fiador e garante o recebimento dos aluguéis e encargos até a entrega das chaves. A aprovação rápida e online dos contratos de seguro garante que o processo de aluguel possa avançar sem atrasos.
O caminho do tradicional ao digital
Permitir que as imobiliárias se digitalizem é justamente uma das frentes de atuação do GrupoRV, empresa especializada em soluções imobiliárias que tem abrangência nacional, estando presente em mais de 600 cidades do Brasil. Baseado no conceito de “one stop shop” (ou seja, com todos os serviços do ciclo do ativo imobiliário reunidos em uma única plataforma), o grupo oferece uma gama de serviços que possibilitam às imobiliárias se diferenciar no mercado pela experiência oferecida aos clientes.
“Nossa intenção é permitir que as empresas ligadas ao setor façam a gestão ou transação dos ativos imobiliários de forma mais eficiente, simples e transparente”, diz Enrico Dias, CEO do GrupoRV, a respeito da evolução digital das imobiliárias por meio dos serviços da empresa. “Com isso, os clientes também são empoderados a tomar decisões mais assertivas em qualquer etapa do ciclo do ativo imobiliário.”
Números e história do GrupoRV
A história do GrupoRV, sediado em Florianópolis (SC), começou em 2011, quando a nKey, empresa de tecnologia especializada na criação de aplicativos, identificou a falta de agilidade e padronização nas vistorias de locação de imóveis. Foi quando surgiu o Vistoria Simples, uma solução inteligente para a realização de vistorias por meio de tablets: com a contribuição de centenas de imobiliárias de todo o Brasil, o software passou por diversas atualizações e continua sendo aprimorado até hoje, proporcionando mais produtividade e qualidade ao processo de locação.
Em 2016, surgiu a Rede Vistorias, a primeira rede de franquias de vistorias imobiliárias do Brasil, agora integrando a plataforma digital com vistoriadores especializados. Em 2021, as empresas Rede Vistorias, Rede ConfiaX e Rede Izee formaram o GrupoRV.
No último mês de janeiro, o grupo captou R$ 35,6 milhões em uma rodada liderada pela Oria Capital. Essa é a terceira rodada do GrupoRV, com alocações primária e secundária. A operação contou com a co-liderança da G5 Investimentos, acompanhada por fundos que lideraram as rodadas anteriores: Domo Invest e Terracotta. Depois de ter dobrado de tamanho por três anos consecutivos, o GrupoRV pretende, com essa rodada, desenvolver ainda mais soluções para o ciclo de vida completo do ativo imobiliário; e também chegar a ainda mais cidades de todo o Brasil.