Entrega de projetos de TI: a incrível arte do inestimável

Que atire a primeira pedra aquele que estimou um projeto de TI e toda a ação exotérica do mundo atuou sobre o projeto e o atrasou!

Nossa, quantas pedradas! Smile

Projetos de TI tem uma particularidade, em sua maioria, de tratar de entregas intangíveis. Vamos pensar em um projeto de desenvolvimento de software. São linhas e mais linhas de códigos que irão virar uma tela ou uma função dentro do sistema. Esta intangibilidade nos traz uma dificuldade enorme para estimar e produzir uma linha temporal exata de entregas.

Lógico que existem várias metodologias e formatos que nos permitem estimar e gerar informações suficientes para criar marcos de entrega que atendam nossos clientes. Há várias formas de tratar essa situação e também de acabar com a angustia do cliente que espera receber aquele produto.

Acham que estou falando de metodologia ágil? Acham que estou falando de Lean Project Management? Estou falando de Metodologia Estruturada? RUP?

Não! Não irei falar de nenhuma dessas metodologias, apesar de crer que todas elas sejam EXCELENTES para apoiar nesse caso. Nesse artigo falarei da mais antiga das formas de entrega existentes: o compromisso.

 

1. No meu tempo…

Nesse momento entrego minha idade, pois sou um típico ser humano da fronteira das gerações X e Y. Como diz um grande amigo meu, somos XY. Somos de uma geração onde o compromisso com a entrega, com a família, com a empresa tinham um valor diferente e único em nossa vida.

Como falei no meu último artigo “Até onde um processo pode emperrar a entrega de um projeto? Uma análise de um caso real”, o processo deve ser um grande aliado e mesmo em tempos remotos, ele existia para nos ajudar a registrar e consolidar o que havia sido feito. Mas, independentemente de processos, tínhamos esse tal de compromisso.

Vivíamos em um tempo onde a tecnologia estava amadurecendo, mais lenta do que hoje, mas ainda sim mudava constantemente e tínhamos que nos adaptar a isso, assim como hoje. Mas a questão aqui não é uma questão tecnológica e sim uma questão humana.

Vemos hoje uma geração aflita por novidades, que vive em uma velocidade muito além do nosso entendimento. Multitarefas, banda larga, notícias instantâneas. Mas que vivem de uma forma superficial e sem a profundidade que o compromisso exige.

Me lembro de situações onde ficávamos acordados 48, 72 horas direto para que a entrega fosse realizada com sucesso. Mutirões, envolvimento, cansaço, mas acima de tudo, compromisso com a entrega.

 

2. E agora, não temos mais isso?

Sei que muitos irão me recriminar dizendo: “Esse velho não tinha vida! Vivia para o trabalho! Não soube aproveitar a vida!”. Mas a discussão que proponho aqui é quanto estamos nos envolvendo, não só no trabalho, mas na nossa vida?

Qual nosso compromisso com a nossa vida? Qual o nosso compromisso com nossas entregas (profissionais ou pessoais)?

Busco sempre trazer esta reflexão as minhas equipes quando estamos em um projeto! Mas não falo de compromisso apenas para manutenção do emprego. Tem que haver um significado. Algo que nos mova para atingir aquele objetivo. Para isso precisamos nos aprofundar mais nos motivos e nos envolver com eles. Sair um pouco da superficialidade atual!

 

Proponho essa reflexão. Uma reflexão pessoal a você que é membro de equipe, gerente de projeto, dono de empresa ou dono de casa! Como está o seu compromisso?

E que venham as pedras…

[tmm name=”leonardo-carvalho”]

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Um comentário

  1. É isso aí Leonardo. Cada um de nós deve questionar o sentido de propósito em tudo o que fazemos. Fazer por fazer e deixar o tempo rolar nunca nos levará à satisfação desejada, ao mesmo tempo em que seremos “mais um” perante os outros. Parafraseando o psiquiatra e escritor Roberto Freire – “Sem tesão, não há solução”. Abraço

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