O Insurtech Global Outlook 2022 Report da NTT DATA analisa tendências, desafios e oportunidades na indústria seguradora, oferecendo uma visão sobre as insurtechs que mais impactaram o sector.
A NTT DATA apresentou a sexta edição do Insurtech Global Outlook 2022 Report, o estudo que analisa as principais tendências do ecossistema de insurtechs e o impacto que as tecnologias avançadas e os novos modelos de negócio tiveram ao longo de 2021.
No Relatório deste ano, a análise foi alargada para caracterizar as quatro Forças de Aceleração dos Ecossistemas Líquidos de Seguros e das entidades cuja natureza e movimentos afetam a evolução dos ecossistemas, acelerando ou desacelerando o curso da indústria de seguros: insurtech; seguradoras e as suas garagens digitais; novos operadores e gigantes tecnológicos; assim como a regulação.
Esta edição faz uma análise do mercado considerando o cenário de recuperação vivida após um 2020 marcado pela pandemia, bem como pelo reforço do sector em 2021. A análise de todos estes elementos revela uma imagem realista do sector, das preferências dos investidores e da tecnologia que define a tendência que está a transformar o universo dos seguros numa nova era digital.
No que diz respeito à parte das insurtech, o relatório destaca aspetos tão diversos como o investimento recebido e o posicionamento das seguradoras que mais se evidenciaram em 2021 em termos de investimento em startups. Analisa, também, o papel dos novos agentes do mercado, que demonstraram um forte interesse em rentabilizar as suas próprias tecnologias em 2021, investindo ou associando-se a startups.
Nuno Albuquerque e Castro, Head of Insurance da NTT DATA Portugal, salienta que: “O conhecimento que retiramos de cada um destes insurtech reports ao longo dos últimos 6 anos, permite-nos acompanhar de perto os movimentos de transformação da indústria seguradora, ficar a par do que de mais inovador acontece na indústria, o que nos dá a capacidade de aconselhar da melhor forma os nossos clientes a tomarem decisões fundamentadas relativamente a tendências e oportunidades que vão surgindo.”
Aumento do investimento, maturidade do mercado, tecnologia que impulsiona as tendências insurtech e redução da diferença entre a Europa e os Estados Unidos.
Os investimentos globais em Insurtech atingiram os 10,1 mil milhões de dólares. Representa um aumento de 38% em relação a 2020, assinalando uma nova ascensão histórica e uma clara consolidação do mercado. De facto, as Insurtechs receberam 50% do seu financiamento total, só nos últimos 2 anos. Em termos do número de negócios fechados, há uma ligeira tendência decrescente em comparação com 2019, que registou um recorde de 393 negócios.
O crescimento do investimento é também um reflexo do empenho das companhias de insurtech no ambiente segurador, uma vez que o número de investimentos e o montante investido cresceram exponencialmente em 2021. A enorme diferença, em números, representa um aumento de 175% em relação ao ano anterior.
Em 2021, graças ao papel crucial da vacinação e da recuperação da economia após a COVID-19, a dimensão média dos negócios cresceu até atingir a média histórica mais alta por negócio: 41 milhões de dólares. Os investidores mantiveram um claro interesse nas insurtechs e, uma vez iniciada a fase de recuperação da COVID-19, aumentaram os seus investimentos, registando um crescimento exponencial de 2020 a 2021.
No que se refere a tendências tecnológicas, a IA, a IoT e a análise preditiva têm verificado um interesse crescente por parte dos investidores nos últimos anos e têm atraído grandes investimentos de seguradoras relevantes, bem como de gigantes da tecnologia e da indústria. Cerca de 61% das seguradoras estão a utilizar a IoT, que oferece novas oportunidades de negócio, integrando novos conjuntos de dados para melhorar o atual nível de risco e prevenção de riscos, acompanhando e incentivando mudanças no comportamento dos clientes.
A Europa regista um desempenho superior em termos de financiamento, e a América do Norte, apesar de manter a liderança global, não detém as empresas com o maior investimento; grandes negócios fizeram com que a Europa seja a região que registou a maior taxa de crescimento em 2021. Este ano revela um quadro muito mais diverso em termos das regiões onde o financiamento tem crescido. O crescimento tem ocorrido nas três principais regiões: Ásia, Europa e América do Norte.
Os Estados Unidos continuam a ser o país que atraiu mais investimento, incluindo cinco grandes negócios. No entanto, o ritmo de crescimento mais rápido da Europa diz-nos que finalmente se aproximou do mercado dos EUA em 2021. Em contraste, o crescimento da Ásia foi mais baixo do que o das outras duas regiões.
No que diz respeito aos investidores, o capital de risco é particularmente relevante, registando um crescimento em todas as regiões. Até 2021, a presença de capital de risco na Europa cresceu para 3,3 vezes a dimensão que tinha em 2015.
O dilema da disrupção: maturidade do mercado ou bolha?
Ao analisar, a fundo, o crescimento do financiamento, o estudo revela uma série de padrões interessantes que podem confirmar ou pôr em causa a maturidade real destes novos modelos. Uma dessas análises é a comparação do crescimento da avaliação, nos últimos três anos, das empresas mais bem financiadas, que foram fundadas entre 2013-2015 e entre 2016-2018. Uma comparação dos dois grupos de empresas mostra que as mais jovens estão a aumentar a sua avaliação a um ritmo mais rápido do que as restantes. Isto verifica-se em particular nas empresas que operavam no mercado dos EUA.
A aceleração do valor das empresas pode dever-se, em parte, a uma maior presença de empresas de capital de risco no sector, combinada com a maturidade do mercado e a crescente apetência pela criação de novos líderes industriais. No entanto, também pode haver o risco de se estar a criar uma nova bolha neste mercado.
Tipos de empresas insurtech
O número de empresas que receberam mais de 100 milhões de dólares em financiamento (unicórnios) quintuplicou desde 2017. No entanto, as startups insurtech sofreram um declínio constante durante o mesmo período, indicando, possivelmente, um espaço de inovação cada vez menor. Neste contexto, os grandes líderes estabelecidos estão a escoar fundos num movimento em direção à maturidade da “primeira” onda de inovação. Na amostra utilizada para produzir este relatório, as empresas insurtech foram classificadas em três principais categorias: startups, scaleups e outliers/unicórnios.
O relatório classifica as startups como as insurtechs fundadas há menos de três anos e com um montante total máximo de financiamento recebido de 5 milhões de dólares. As scaleups são aquelas que receberam um montante total de financiamento entre $5M e $100M, com um máximo de dois anos entre as rondas de financiamento.
Finalmente, outliers ou unicórnios, são aqueles que receberam mais de $100M em financiamento e têm uma avaliação de mais de $1B. É interessante notar que os outliers, que representam apenas 10% dos insurtechs da amostra, representam 75% do financiamento de 2021. Vale também a pena notar que as startups, representando 45% da amostra, recolhem apenas 2% do montante total do financiamento.
O Insurtech Global Outlook 2022 Report da NTT DATA também identificou várias tendências interessantes ao comparar as empresas insurtech e fintech.
- As fintechs surgiram mais cedo do que as insurtechs, em linha com o avanço da banca na digitalização em comparação com o sector dos seguros. Em geral, o seu crescimento tem sido mais lento, mas constante.
- As Insurtechs têm prazos IPO mais curtos em comparação com as fintechs que, por sua vez, estão em linha com os prazos IPO das startups em geral.
- Apesar de as insurtechs gerirem mais receitas por cliente, as fintechs têm uma base de clientes muito maior.
- O mercado percebe que o valor criado pelas fintechs é muito maior do que o valor criado pelas insurtechs, o que se reflete numa grande diferença da capitalização do mercado.
Considerando o impacto global que cada um teve, é provável que o financiamento, por si só, não consiga traçar um quadro completo, e a limitada captação de mercado das insurtechs sugere que ainda é demasiado cedo para se fazer um juízo definitivo. Comparando o desempenho do mercado bolsista de fintechs e insurtechs, há uma diferença clara; o boom do investimento e o impacto do mercado não estão alinhados. Enquanto o preço das ações das fintechs está a crescer mais do que o índice S&P, o preço de todas as ações das insurtech diminuiu em mais de 60%.
Maturidade Insurtech: Há espaço para a inovação?
As principais conclusões do relatório incluem um declínio acentuado na criação de novas empresas de insurtech. É também interessante notar uma grande diferença entre 2020 e 2021. O mercado age em função da maturidade e há, sem dúvida, menos inovação. As três principais categorias de insurtechs a destacar em 2021 são, definitivamente a de marketplaces, a de animais de estimação e a de bem-estar.
No caso das das insurtech de marketplaces, a sua popularidade, em 2021, é impulsionada pela necessidade crescente de empresas B2B aderirem a esses mercados digitais, oferecendo assim a possibilidade de experiências mais líquidas, transparentes e em tempo real, que facilitam as compras. Os seguros integrados estão a ganhar uma base significativa para facilitar a integração de diferentes soluções e partes interessadas, que podem oferecer, em conjunto, uma solução de seguros sem descontinuidades nestes mercados digitais.
Em termos de lifestyle, um desenvolvimento interessante é a forma como o bem-estar continua a ser uma prioridade como forma de vida. Os consumidores continuam a pressionar para uma experiência mais integrada que possa apoiar o seu bem-estar e saúde. As empresas deste sector têm a oportunidade de se tornar parte da vida quotidiana dos clientes e de fornecer valor através de diferentes canais.
Finalmente, as companhias de seguros para animais de estimação continuaram a ganhar terreno no espaço das insurtechs, neste último ano. As startups estão a criar modelos de negócio interessantes e a oferecer produtos e experiências personalizadas que se ligam à mentalidade e prioridades dos donos de animais de estimação.
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