Em primeiro lugar gostava de dar os parabéns à iniciativa de criação do FalandoTI, crucial para dar a conhecer reciprocamente os mercados de TI de Brasil e Portugal. Além de orgulhosamente ter aceite o convite para contribuir, serei um atento leitor e interveniente sempre que possível.
Por motivos profissionais tenho lidado muito com empresas denominadas startups, em Portugal, o que confesso tem sido uma experiência extremamente positiva e enriquecedora. Estando o termo startup intimamente relacionado com empresas de TI, será interessante partilhar convosco algumas opiniões e experiências que tenho acumulado.
Acho crucial a partilha de informação do que é a realidade de empresas, nascidas em Portugal, que se pretendem internacionalizar. No caso de uma startup, claramente, o mindset, logo à partida, é de criar algo que seja global – caso contrário, não faz sentido. E é com este mindset que, só em 2014, apareceram alguns milhares de novas empresas no mercado nacional.
Estando Portugal muito bem posicionado e conotado, a nível Europeu, como um dos destinos de eleição para jovens empresas de TI (com cidades como Lisboa, Porto e Braga a potenciarem programas de aceleração reconhecidos a nível mundial), esta partilha permite-vos conhecer um pouco melhor como está Portugal, o nível de maturidade destas iniciativas e, porque não, pensar no futuro numa co promoção de conceitos, produtos ou soluções inovadoras.
Neste artigo em particular gostava de partilhar a minha preocupação – e de também perceber outras opiniões sobre o tema – sobre o impacto e dificuldades que algumas empresas terão neste seu processo de globalização. Uma empresa que, confesso, atualmente me fascina é a Uber e é precisamente sobre esta empresa que pretendo escrever-vos.
Envolta em polémica em inúmeros Países principalmente por motivos relacionados com suposta concorrência desleal para com empresas de transporte de passageiros, na prática há um conjunto de factos inegáveis:
As grandes ideias nascem de grandes necessidades
Foi precisamente o cofundador da empresa, Travis Kalanick, que em 2008 em Paris, procurava um meio de transporte para uma conferência, mas não o conseguia encontrar. Desta necessidade é colocado em marcha um plano para criar a empresa, na altura apelidada de “UberCab”, com rondas sucessivas de financiamento bem-sucedido que elevam a empresa, para uma avaliação estimada de 50 mil milhões de USD!
É impressionante o valor que uma startup, fundada em 2009, consegue atingir em meros 6 anos
Os resultados estão à vista, atualmente estão presentes em 58 Países e 300 cidades a nível mundial. Aos resultados e valorização da empresa não fica alheio o facto de ser, o que hoje em dia, se pode apelidar de uma startup de plataforma – na prática não têm nem viaturas, nem condutores, tornando assim muito mais apelativa esta plataforma móvel que interliga o ecossistema: clientes, viaturas de transporte e condutores.
Vem colocar a tecnologia ao serviço do transporte de passageiros
Enquanto confesso adepto de tecnologia, é especialmente impactante quando esta é aplicada a cenários que permitam, no limite, melhorar a nossa qualidade de vida. São vários os motivos que nos levam, hoje em dia, a dizer que é óbvio que faz todo o sentido utilizar o smartphone para chamar um táxi, consultar num mapa os condutores livres vs. ocupados, poder conhecer tarifas, perfil e histórico do condutor, lotação da viatura de transporte, etc.. Seriam inúmeras as vantagens que conseguia enumerar, mas também numa perspetiva financeira, reduz, inequivocamente, o custo de chamada de uma viatura por transporte – algo que nunca compreendi na forma como funciona em Portugal.
Questões legais e enquadramento
Não me cabe a mim opinar sobre o enquadramento legal desta empresa (tanto mais que não tenho competências para o fazer), mas gostava de deixar-vos claro que, apesar de tudo, temos todos direito a ter uma opinião e a minha diz-me que é inevitável que as empresas de transporte de passageiros evoluam para se tornarem Uber’s e não o contrário. Na Europa temos tido contacto com situações irracionais de contestação contra a empresa, que colocam em risco a saúde das pessoas que utilizam o serviço – isto não pode acontecer.
Cabe às entidades nacionais criarem o enquadramento legal para que não hajam motivos para contestação e, consequentemente se protejam as pessoas que já podem optar por usufruir deste serviço. E é urgente fazê-lo!
Inevitabilidade
Porque não adotam, as empresas de transportes de passeiros, as suas plataformas com vista a melhorar o serviço prestado aos clientes? Porque não adotam o Uber? Tratando-se de uma inevitabilidade a chegada de TI e de aplicações móveis (sejam da Uber ou de outra qualquer empresa que crie uma plataforma do género) será uma questão de tempo até esta situação se desbloquear, mas por quanto tempo mais?
A realidade da Uber, em Portugal, tem sido também complicada estando inclusive a vigorar medidas cautelares impostas pelo Tribunal, apesar de manter-se ativo o serviço móvel da empresa (o que, de acordo com informação pública, custa à empresa uma multa diária de 10.000€). Partilhem as vossas opiniões e como tem decorrido este processo no Brasil.
Obrigado por lerem e até breve.
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