Os novos caminhos digitais para a Comunicação B2B

Os desafios específicos trazidos pela presente crise vieram introduzir uma profunda digitalização na atividade das empresas. Este boost tecnológico já estaria no horizonte de muitas organizações, mas surgiu agora com premência e rapidez de implementação reforçadas e promete deixar para trás quem não realizar um esforço neste sentido.

À aposta no e-Commerce junta-se uma crescente digitalização também dos processos de comunicação. A procura por alternativas de aquisição de produtos e serviços potenciou um consumidor que procura a inovação e que anseia por soluções mais disruptivas e eficientes.

Esta transformação vai tornar impossível regressar ao passado. A abertura agora criada promete mais oportunidades para trabalhar em parceria e de forma holística, com contactos estabelecidos com stakeholders distintos, através de múltiplos setores, geografias e em inúmeras plataformas.

As empresas questionadas no âmbito do estudo “InterComm Report – B2B Communication Trends in Global Businesses (InterComm)” apontam o website como o canal de comunicação mais utilizado para comunicar com os diferentes stakeholders, tendo sido selecionado por 90,3% dos respondentes. Com preponderância relevante surgem também o email (85,4%) e as redes sociais (80,6%). O digital permitiu encontrar pontos de contacto diferentes face à impossibilidade de deslocação e de trabalhar como habitualmente.

Surge então a questão em saber como é usado o meio digital, se de forma estática e unilateral ou de forma interativa e bilateral, como se presume numa Comunicação real e eficaz.

Apesar de apresentar novas oportunidades, o digital não é a salvação do negócio para as empresas B2B analisadas neste estudo. Não basta abrir um portal ou uma plataforma de e-Commerce ou criar canais nas redes sociais, porque estas organizações não vendem ao consumidor final.

Importa, sim, pensar no digital como uma forma de ser relevante. Acreditamos que os princípios-base do ponto de vista da comunicação no digital são exatamente os mesmos: perceber para quem é que estou a falar, que objetivo quero concretizar e qual é a mensagem que vou transmitir.

Para nos tornarmos relevantes temos que saber contar histórias e encontrar o nosso ângulo de diferenciação, trabalhando a marca e fazendo uso de campanhas e ações de comunicação que expliquem quem somos e porque devem confiar em nós. Importa (re)avaliar as relações com todos os stakeholders e os canais onde existem mais resultados. A proposta de valor tem de ser criativa e disruptiva.

Quando abordamos ferramentas “digitais”, o que queremos realmente dizer é que estas são desenvolvidas através de canais de cariz mais tecnológico e dinâmico. Nada se perde na identidade da comunicação. O que muda é o facto de construirmos relações com clientes, parceiros, decisores e entidades de natureza diversa através de novas soluções e metodologias. Como resultado final, gera-se tráfego para uma página, evidencia-se uma mensagem e, por isso, potencia-se a afirmação de uma marca e organização.

A forma de nos relacionarmos mudou com a digitalização das relações. As estratégias de Comunicação têm de acompanhar esta transformação.

Artigo escrito por:

Ana Raposo – Docente da Escola Superior de Comunicação Social e Pró-Presidente para a Comunicação Estratégica, Politécnico de Lisboa

Marta Gonçalves – Managing Partner, SayU Consulting.