Sem Visão, não há Equipa. E sem Equipa, não há Visão.

Tenho a sorte de sempre ter tido equipas impressionantes no decorrer da minha vida profissional. É gratificante saber que temos um grupo de pessoas que vão na mesma direção, destacando-se, dando tudo por tudo, e certificando-se que todos chegam à linha de chegada. Não há necessidade de mencionar nomes, cada um sabe quem foi, no passado, e quem é no presente. Obrigado por serem como são!

O título pode parecer confuso, mas reflete algo em que acredito. Se não se tem uma visão, isso causará alguns problemas quando se pretender reunir uma equipa de pessoas altamente motivadas, porque elas simplesmente não vão saber para onde estão a ir. Por outro lado, se se tiver uma visão e a equipa não estiver bem definida… parece-me evidente que também não se irá longe. Assim sendo, como resolver esta questão?

Não me vou alongar sobre como definir uma visão. Na minha opinião, isso é algo que deve vir de dentro e não ser criado, com recurso a algumas orientações provenientes de livros, artigos ou outro material de suporte. Acredito que as pessoas devem trabalhar e ser as melhores naquilo em que acreditam, e, quando isso acontece, a visão vai naturalmente concretizar-se. É necessário, claro, ter um plano que determine para onde é que queremos ir, e esse plano tem que fazer sentido. Precisamos de definir os nossos objetivos e definir o que é preciso fazer para os atingir: marcos importantes, pessoas, clientes, parceiros, etc. Mas se não se sentir a visão, se não a vivemos realmente, então ela vai perder força e podem surgir dificuldades na partilha da visão pela equipa e pelas pessoas.

Em relação à equipa é preciso ter a certeza de que foram criados todos os processos necessários, para garantir que se encontra o tipo de pessoas que se quer e se precisa para concretizar a visão. Isso começa no processo de recrutamento (na forma como se promovem as oportunidades de emprego, se procuram recomendações internamente, etc.) e inclui também todo o processo de entrevistas. Costumo explicar de onde viemos, onde estamos e como vamos brilhar num futuro próximo. Preciso de sentir que essa pessoa, que está sentada à minha frente, interiorizou a mensagem que lhe estou a passar e quer fazer parte disso – mesmo que ainda não faça parte da equipa, tem que acreditar no sonho e tem de querer ajudar a construí-lo. Só nestas condições é que considero essa pessoa para a próxima fase. O tipo de trabalho em que acredito envolve paixão, para melhor e para pior, e preciso de pessoas apaixonadas comigo. Se tudo correr bem, depois de algum tempo teremos um grupo de pessoas dispostas a começar a mudar o mundo e alinhadas com a forma de como o vão fazer.

E então começa o verdadeiro desafio!

Para mim, o verdadeiro desafio começa depois de termos definido a visão e construído a equipa. Como nos podemos certificar de que, após a fase inicial da relação, ainda conseguimos manter a chama acesa? Porque algumas pessoas farão parte de projetos inovadores mas outros vão trabalhar em tarefas mais “normais”. Alguns vão mesmo fazer coisas que não gostam muito durante algum tempo. Mas é tudo parte do processo de construção de um negócio rentável. Então como nos podemos certificar de que eles estão connosco no longo prazo?

Aqui não há respostas fáceis nem receitas para o sucesso, mas há algumas coisas que faço e que acho que podem fazer a diferença.

A Visão são as Pessoas & as Pessoas são a Visão

Começou por ser o seu sonho mas a partir do momento em que colocou outras pessoas a sonhar passou a ver o vosso. Então, mantenha-os no circuito e verifique se eles ainda se sentem parte dele. Dessa forma, conseguirá obter mais empenho da sua equipa, ou pelo menos trabalhe nessa direção.

Mantenha-as atualizadas

É um verdadeiro desafio criar formas de transmitir informação às pessoas. É curioso porque tecnologicamente temos várias alternativas, mas as pessoas não utilizarão a maioria delas: não vão ler a newsletter ou o blog, se calhar nem vão participar nos eventos regulares da empresa. Mas, mesmo assim, precisamos de perceber o que funciona com a nossa equipa. E isso não é necessariamente o que funcionou com as outras equipas, nem com as outras pessoas.

Por exemplo, com a minha equipa atual costumamos fazer um reunião de equipa a cada 3 meses, mais ou menos. Votámos e chamámos-lhe “Bangarang Chopa Xplosion!”. Bem, no final, acabamos por só lhe chamar “Bangarang!”. Temos uma banda sonora oficial e comemos pizza. É uma maneira impressionante de manter as pessoas em contato, introduzir novos membros, etc. Mesmo que o nome pareça não fazer sentido, rapidamente foi adoptado e toda a empresa sabe o que é. Não é apenas um meetup, é o nosso meetup!

Também estamos a tentar fazer blog posts com algumas informações sobre todas as pessoas envolvidas e sobre os projetos em curso. Para ser honesto, não temos mantido a periodicidade definida inicialmente, mas o que eu mais gosto sobre é o teor do conteúdo e a atitude geral das pessoas – isso transforma um post chato em algo que põe um sorriso no rosto da pessoa que o recebe. E está a funcionar.

Todos contribuem para as decisões

Se queremos ter uma equipa comprometida, então as pessoas que a compõem devem sentir que são parte do processo. Elas devem sentir que as suas ideias são tidas em consideração, devem participar na definição de objectivos, votar, analisar, discutir, etc.

Nada como objetivos partilhados

Os objetivos precisam ser concretos para que as pessoas saibam onde querem chegar e como podem fazê-lo. E se eles são partilhados, a magia acontece. Toda a gente sabe o seu papel e o que precisa fazer, e não é um objetivo apenas da empresa – é delas também.

 Não basta pensar out-of-the-box. Dê-lhes a “caixa”!

Desafiei a minha equipa no nosso último meetup, para que pudéssemos trabalhar em tudo o que queria. Se eles tiverem uma ideia, trabalharemos em conjunto para definir o modelo de negócio e, se fizer sentido, podemos direcioná-lo a alguns clientes. E eu vou vendê-la. Simples.

Quando os problemas acontecem, mantenham-se unidos

As pessoas precisam de sentir o peso e a responsabilidade relativamente ao que se passou. Se são uma equipa, então todos devem lidar com o problema. Certifique-se que todos entendem o que aconteceu para que isso não ocorra novamente. E continuem em frente, mais unidos do que nunca.

 

Estes são apenas alguns pensamentos sobre a verdadeira aventura do dia-a-dia da construção de uma unidade de negócios. Não é fácil e surgem problemas, mas a verdadeira diferença está na forma como se lida com eles e se continua a fazer progressos. Cada problema é uma oportunidade para crescer e para fazer melhor.

 

Gostava de ter o vosso feedback sobre as minhas sugestões e propostas de outras coisas que poderiam funcionar em diferentes empresas. O que está a fazer para espalhar a sua visão? Quais são as iniciativas que tem em curso? Discorda de alguma coisa que tenha dito? Tem alguma boa ideia?

[tmm name=”sergio-viana”]

Leia mais artigos deste autor.