Em 2020 vão existir 2 milhões de vagas por ocupar em Tecnologias de Informação na Europa – informação prestada recentemente pela Comissária Europeia para as TI e Telco.
Com a crescente procura por profissionais de TI, derivado à proliferação de tecnologia pelos mais variados dispositivos de hardware para além dos tradicionais computadores (relógios, óculos, automóveis, drones, IoT, …), a capacidade de produção de “Informáticos” pelas Universidades, Politécnicos e Escolas Profissionais foi largamente ultrapassada. É preciso aumentar a produção rapidamente encontrando novas formas de formar e aproveitando pessoas que em primeira instancia não escolherem as tecnologias como carreira.
Paradoxalmente à enorme procura por profissionais de TI existe desemprego jovem em outras áreas. Só na Europa, segundo dados do Eurostat, existem 3,6 milhões de jovens desempregados. A grande maioria destes jovens possui o Ensino Secundário / Ensino Superior. Porque não aproveitar este talento para as tecnologias de informação?
Estamos na era da democratização da educação. Nunca foi tão fácil aprender uma matéria e tão barato. Com uma simples ligação à Internet é possível assistir gratuitamente a aulas de uma licenciatura no MIT ou em Harvard. É possível efetuar os exercícios, submeter para avaliação e até solicitar um certificado/diploma. Os métodos de ensino de matérias complexas também evoluíram. Ao nível do desenvolvimento de software existem hoje ferramentas para ensinar crianças de 5 anos a programar. Face a todas estas evoluções é perfeitamente possível reconverter desempregados qualificados em áreas sem procura em empregados qualificados das tecnologias de informação.
Assim, a requalificação profissional assume um papel estratégico para colmatar a falta de profissionais de TI. É essencial que toda a rede escolar e universitária crie programas de requalificação, tirando partido da infraestrutura existente (salas, professores, conteúdos, …). É também essencial que os grandes fabricantes de software/hardware apoiem de uma forma como nunca fizeram o setor da Educação. Se até agora tem sido habitual os fabricantes queixarem-se da falta de mão-de-obra qualificada, chegou o momento de investirem na Educação.
Enquanto que o setor da Educação não ajusta para as necessidades de mercado têm surgido alternativas: as code schools / code bootcamps. São organizações com programas de aproximadamente 13 semanas, com cargas horárias de 70 horas por semana e que visam fomentar a aprendizagem do estritamente necessário para que uma pessoa aprenda, por exemplo, a programar. Trata-se de formar programadores de software e não engenheiros de software. São “coisas” diferentes. Estas organizações fazem por vezes a ponte com as empresas de TI garantindo não só a adequação do conteúdo dos programas mas, acima de tudo, a empregabilidade de quem os frequenta.
Estamos a assistir a uma procura por talento de TI como nunca assistimos. Quem já está na área é quase que equivalente a uma “rock star”. Quem ainda não está perde uma enorme oportunidade de uma ótima e estimulante carreira, com ordenados muito acima da média de outras áreas.
A crescente competitividade dos países mais desenvolvidos por talento de TI vem ainda aumentar o tamanho do problema. Países ou regiões mais frágeis vão ter muita dificuldade em reter talento.
O talento é o ouro do século XXI. É uma enorme oportunidade para pessoas e organizações que compreendam o que isto significa.
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