Aproveitando que Portugal está a passar por um período eleitoral, acabei por acaso por pegar num livro infantil dos meus filhos que tinha um título sugestivo “CIO – Once Upon a Time Far Far Away”. Não sei quem lhes ofereceu, mas chamou-me à atenção e decidi a lê-lo sem parar. Devorei-o num ápice. Faço-vos aqui o resumo da história de um país muito engraçado e onde tudo era perfeito, como em todas as histórias de encantar para crianças.
Era uma vez num país muito muito longe, chamado de HappyInformationLand, havia um Governo com 5 a 10 indicadores quantitativos de gestão (KPI – Key Performance Indicators), com ministérios que respondiam a metas e indicadores de performance e onde os institutos, as direções gerais e as empresas públicas tinham indicadores.
Esse Governo, funcionando como um Conselho Executivo com um modelo de gestão empresarial, na qual cerca de 10 milhões de acionistas dispunham de uma assembleia geral ordinária todos os 4 anos e na qual avaliavam o cumprimento técnico do mandato de gestão, tendo por base o Dashboard de cumprimento das metas e objetivos definidos nos indicadores de gestão que se tinham proposto. De notar que estes acionistas dispunham de acesso privilegiado ao longo dos 4 anos ao Dashboard dos vários níveis organizacionais do Governo, inclusive chegando ao nível dos indicadores do funcionário público se necessário.
O promotor da gestão desta informação era o CIO – Chief Information Office – do país, o qual funcionava como um Diretor de Sistemas de Informação do país, garantindo o acesso público da informação e dos modelos de cálculo dos indicadores, bem como garantia que existiam processos normalizados e definidos de partilha de informação entre ministérios, direções gerais e empresas públicas. Adicionalmente, garantia uma uniformização e eficiência de aquisições dos sistemas da Administração Pública, de forma a garantir o valor máximo de remuneração ao acionista (os tais 10 milhões).
Voltando à Assembleia Geral, os governos eram assim avaliados por factos concretos, quantitativos, estratégicos e políticos, tal como se passava nas empresas privadas. As oposições partidárias a esse governo também não escapavam a uma avaliação da sua própria prestação, enquanto intervenientes e analistas da gestão dos governos. Também elas eram avaliadas por factos quantitativos, estratégicos e políticos, assumindo as responsabilidades das suas propostas e os impactos das mesmas na aplicabilidade das mesmas.
Neste país, os acionistas de 4 em 4 anos realizam uma avaliação concreta do dashboard do Governo e das oposições, de forma a garantir uma análise concreta dos seus “gestores públicos” e assim, em consciência e com informação disponível, manterem ou mudarem os órgãos de gestão do país.
Este era um país onde tudo funcionava de forma objetiva porque o CIO, suportado em Sistemas de Informação, era um verdadeiro parceiro estratégico dos acionistas! O país era assim suportado pela eficiência da informação, em prol da remuneração do acionista, em prol de uma elevada exigência de quem lidera o país.
E, como a maioria das histórias de encantar infantis, este era um país onde os cidadãos e os acionistas viviam felizes para sempre!
Que bom se este país muito muito longe fosse Portugal! Que existisse um CIO! E que os Sistemas de Informação fossem parceiros estratégicos no desenvolvimento e inovação do País, dos acionistas e dos cidadãos desde o início da sua escolaridade até à idade da reforma.
Bem … até que este país das maravilhas não seja realista para Portugal, resta-nos procurar percorrer um caminho de sonho para o transformar em algo próximo desse país encantado, o HappyInformationLand.
Votemos em consciência!
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A ideia é realmente asséptica, mas utópica. Uma empresa não é um pais. Uma das premissas ilusórias é que existe uma política que é melhor psra todos. Este princípio é contrário à democracia, porque entre os eleitores existem diversas concepções de sociedade ideal, o que provoca luta politica e o desenvolvimento de várias correntes alternativas. A base da construção do pensamento ocidental acenta num processo de teses, antiteses e sínteses. Por isso, não existem KPIs que garantam a unanimidade das perspectivas, nem o acordo de todos os portugueses.